Festa da Lapa de Antônio Pereira:
A um passo de ser reconhecida como patrimônio imaterial de Ouro Preto, MG.

Crédito: Victor Stutz
Revista Mundaréu (exclusivo para Valéria Monteiro)
Com trajetória marcada pela exploração mineral, o distrito de Antônio Pereira, localizado a 25 km de sua sede, Ouro Preto, MG, também guarda memórias históricas e culturais que merecem ser valorizadas.
Foi em 2015 que a jornalista Valéria Monteiro conheceu a pequena vila e as ruínas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, a “Igreja Queimada”, como é chamado o templo fundado em 1716, destruído por um incêndio que aconteceu em 1830. Por razões desconhecidas, a igreja nunca mais foi reconstruída.
Acompanhada de um grupo de mulheres trabalhadoras locais, Valéria também visitou a Gruta da Lapa. Reza a lenda que, ali, em 1757, crianças foram contempladas com aparições da Santa, e o lugar, desde então, se tornou alvo de peregrinação e passou a ser procurado por pessoas de todos os cantos do Brasil.
Mas é no dia 15 de agosto que milhares de visitantes, em romaria, aparecem para a tradicional Festa de Nossa Senhora da Conceição da Lapa. No interior da gruta, os fiéis buscam a imagem que surgiu espontaneamente na parede de pedra, de onde escorre um “óleo” que muita gente acredita ter poderes milagrosos.
Proteção e preservação
Na última semana, no dia 27 de março, a comunidade do Pereira se reuniu com especialistas e representantes políticos para apreciar um amplo dossiê com registros da Festa de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, considerada uma das celebrações religiosas mais antigas de Minas Gerais, com mais de três séculos de existência. Os participantes deste encontro decidiram, por unanimidade, encaminhar ao prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, um parecer favorável para que a festividade seja inscrita no Livro de Registro das Celebrações, onde são incluídos os rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social dos ouro-pretanos.
Agora, caberá ao prefeito Angelo, que também é presidente da Associação das Cidades Históricas Mineiras, formalizar o ato de proteção cultural ao evento. Segundo o secretário de Cultura e Turismo de Ouro Preto, Flávio Malta, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural e Natural (COMPATRI) avaliou o dossiê e já fez todas as recomendações necessárias para que “a Festa de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, que acontece há mais de 300 anos, seja reconhecida como patrimônio imaterial da nossa gente.”
Com menos de 5 mil habitantes, além de seus atrativos históricos e naturais, pois a região abriga belíssimas cachoeiras, vale lembrar ainda que o distrito de Antônio Pereira, de Ouro Preto, mantém também uma produção bem diversificada de artesanatos, com destaque para o trabalho de suas notáveis bordadeiras.
