top of page
Estilo em Windsor:

Estilo em Windsor:

Coroas, chapéus e uma gravata branca bem engomada.

Visitas de Estado são, em essência, um espetáculo de moda disfarçado de protocolo. E quando o palco é o Castelo de Windsor, com seus vitrais góticos, brasões medievais e salões monumentais, o figurino ganha papel de protagonista. Não é exagero dizer que, diante de tanto peso histórico, até a gravata borboleta branca dos cavalheiros precisa estar engomada o suficiente para refletir a luz dos candelabros.



A Rainha Camilla: azul, safiras e serenidade institucional

Camilla jogou no seguro — e no majestoso. Para o banquete, escolheu um vestido azul-royal de Fiona Clare, bordado, impecável e em sintonia com a joalheria: a Belgian Sapphire Tiara acompanhada por colar e brincos em safira e diamantes. Tudo perfeitamente coordenado.

O azul não é só elegante, é também a cor da estabilidade. Camilla sabe que não precisa competir com ninguém no quesito ousadia; seu papel é ancorar a tradição. Nas recepções diurnas, optou por vestidos mais simples, broches simbólicos e chapéus discretos — uma forma de dizer: “Sou rainha, mas também sou anfitriã”.



Kate Middleton: herança e brilho dourado

Kate não resistiu à tentação de brilhar. E brilhou em Phillipa Lepley, com renda Chantilly dourada sobre seda e bordados florais delicados. Foi uma aparição solar, mas sem excessos, como se dissesse: “Posso iluminar o salão sem ofuscar ninguém”.

Na cabeça, a Lover’s Knot Tiara, tão famosa quanto polêmica, já usada por Diana. É um gesto de continuidade, mas também de narrativa: Kate costura, com cada aparição, o fio entre passado, presente e futuro da monarquia.

Durante o dia, optou pelo seu clássico coat dress da Emilia Wickstead em tom bordô, com chapéu Jane Taylor, pontuado por um broche do Prince of Wales. É o equilíbrio perfeito entre protocolo rígido e assinatura pessoal.



Melania Trump: drama calculado

Enquanto Camilla e Kate se apoiaram na tradição, Melania foi puro espetáculo. De dia, surgiu num trench coat Burberry e depois num tailleur preto militar com chapéu de aba larga roxo-uva — quase uma cena saída de Matrix adaptada para a corte britânica.

À noite, transformou-se em colunata de gala: um vestido amarelo-canário Carolina Herrera, ombros à mostra e cinto lavanda marcando a cintura. Ousadia cromática? Sem dúvida. Mas funcionou: Melania sabe como atrair as lentes, e o contraste com o fundo austero de Windsor tornou a cena cinematográfica.



A gravata branca: a disciplina masculina

E os homens? São o contraponto silencioso. No protocolo do white tie, todos se alinham em fraques pretos, camisas rígidas e gravatas brancas impecáveis. É quase um uniforme de austeridade — que serve de moldura para o brilho feminino.

Historicamente, esse traje remonta ao século XIX e sobrevive até hoje como o último bastião da pompa aristocrática. A gravata branca é símbolo de disciplina, mas também de hierarquia: ela sinaliza que não há espaço para individualidades. O resultado é curioso: enquanto as mulheres disputam com coroas e cores, os homens se diluem na massa do preto e branco. Talvez seja esse mesmo o objetivo.



Windsor: o teatro da monarquia

Nada disso faria o mesmo efeito sem o Castelo de Windsor. O St George’s Hall, com seu teto neogótico e brasões medievais, exige figurinos à altura. Ali, cada vestido longo, cada tiara cintilante e cada gravata engomada parecem dialogar diretamente com a arquitetura: brilho contra pedra, seda contra heráldica, disciplina contra monumentalidade.

Durante o dia, os jardins e corredores pedem roupas mais discretas, em tons sóbrios e chapéus bem calculados. Mas à noite, quando os candelabros se acendem no salão medieval, tudo se transforma em ópera: coroas brilham, vestidos reluzem e até a gravata branca parece um pequeno farol de tradição.



Estilo como linguagem diplomática

O mais fascinante é perceber como cada escolha é uma frase nesse diálogo silencioso:
• Camilla reafirma a tradição com serenidade.
• Kate homenageia o passado e aposta na continuidade.
• Melania joga com o drama e o espetáculo.
• Os homens, de gravata branca, se sacrificam em prol da moldura neutra.

No fim, moda aqui não é vaidade — é diplomacia. E Windsor, com suas pedras milenares, lembra que esse jogo de coroas, chapéus e vestidos não é passageiro: é parte de uma encenação cuidadosamente repetida, que sobrevive ao tempo e às mudanças de poder.

Inglês:
Style at Windsor: crowns, hats, and a perfectly starched white tie

State visits are, essentially, a fashion show disguised as protocol. And when the stage is Windsor Castle, with its Gothic vaults, medieval crests, and monumental halls, clothes don’t just dress the body — they perform history. Even the men’s white bow ties must be crisp enough to sparkle under the chandeliers.



Queen Camilla: royal blue, sapphires, and institutional serenity

Camilla played it safe — and majestic. For the banquet, she chose a royal blue gown by Fiona Clare, embroidered and commanding, paired with the Belgian Sapphire Tiara and matching sapphire-and-diamond set. Everything in perfect harmony.

Blue, of course, is more than elegant: it’s a royal color, a symbol of stability and tradition. Camilla doesn’t need to push boundaries — her role is to anchor the institution. During the day, she kept it simple with tailored dresses, symbolic brooches, and discreet hats. A subtle way of saying: I’m Queen, but also the hostess.



Kate Middleton: heritage and golden glow

Kate embraced her inner radiance. She appeared in Phillipa Lepley, a golden Chantilly lace gown layered over silk, embroidered with floral motifs. Glorious, but never overwhelming — a look that seemed to say: I can light up the room without stealing it.

On her head, the Lover’s Knot Tiara, a dazzling heirloom once worn by Princess Diana. It’s continuity wrapped in diamonds, a reminder that Kate stitches the past, present, and future of the monarchy with every appearance.

By day, she opted for her signature coat dress by Emilia Wickstead in deep burgundy, paired with a Jane Taylor hat and the Prince of Wales Feather Brooch. It’s the perfect balance of strict protocol and personal style.



Melania Trump: calculated drama

While Camilla and Kate leaned on tradition, Melania chose theater. By day, she strode in wearing a Burberry trench coat, later changing into a military-style black suit with a wide-brimmed purple hat — a look that felt part Matrix, part royal protocol.

At night, she transformed into a column of color: a canary-yellow Carolina Herrera gown, off the shoulders, cinched with a lavender belt. Bold color blocking? Absolutely. But it worked. Melania understands that in this setting, drama equals visibility, and Windsor made it cinematic.



The white tie: men in disciplined uniform

And the men? Silent backdrops. In full white tie — black tailcoat, stiff-front shirt, white pique vest, and of course the starched white bow tie. It’s the strictest Western dress code, dating back to 19th-century London, and it still survives as the last fortress of aristocratic pomp.

The white tie is more than formality: it’s hierarchy in cloth. Uniformity leaves little room for individuality. Which is precisely the point. While women sparkle in tiaras and gowns, men fade into a monochrome mass — the ultimate sacrifice in the theater of monarchy.



Windsor Castle: the grand stage

None of this would resonate the same way without Windsor Castle. The St George’s Hall, with its neo-Gothic ceiling and walls of heraldry, is itself a costume of stone. It demands attire that can rise to its scale.
• By day, Windsor’s gardens and corridors call for tailored coat dresses, polished hats, and sober palettes.
• By night, when the chandeliers glow in the medieval hall, the scene shifts into opera: tiaras glitter, gowns shimmer, and even the white ties shine like tiny beacons of tradition.

Windsor doesn’t just host — it choreographs. Every sparkle and stitch is a reply to the architecture: silk against stone, diamonds against shields, discipline against grandeur.



Fashion as diplomacy

The fascinating part is how each look becomes a diplomatic sentence:
• Camilla reinforces tradition with serenity.
• Kate pays homage to the past while embodying continuity.
• Melania embraces spectacle and theatricality.
• The men, in white ties, willingly blend into uniformity.

In the end, fashion here isn’t vanity — it’s strategy. And Windsor, with its thousand years of history, reminds us that this is a carefully rehearsed play, where clothes speak louder than speeches.



✨ So between glittering tiaras, dramatic hats, and rigorously starched white ties, yet another State Visit is etched into history. At Windsor, politics may be serious — but it’s fashion that steals the show.

Valéria Monteiro.
Jornalista, fundadora do site valeriamonteiro.com.br
e ex-âncora da TV Globo e Bloomberg.

19 de setembro de 2025 às 09:51:31

bottom of page