top of page
Entre Mal-Entendidos e Estratégia:
O Conflito Diplomático na Casa Branca.
Reprodução/Facebook.
(Scroll down for English)
⸻
“Nova York será o espelho do que o mundo pode se tornar — quando o poder decide olhar de baixo para cima.”
⸻
Zohran Mamdani, 34 anos, nascido em Kampala e criado no Queens, é o novo prefeito de Nova York.
Filho do intelectual Mahmood Mamdani e da cineasta Mira Nair, ele se torna o primeiro muçulmano e o primeiro sul-asiático a comandar a cidade símbolo do capitalismo moderno.
Mas sua biografia não começa em gabinetes — começa nos corredores de despejo.
Antes de entrar na política, trabalhava como conselheiro habitacional, ajudando famílias ameaçadas de perder o teto. Agora, governa a metrópole onde o aluguel se tornou uma sentença.
⸻
🏙️ A virada
Mamdani venceu Andrew Cuomo e Curtis Sliwa com um programa que soa quase subversivo em plena América do capital:
• Congelamento de aluguéis,
• Transporte público gratuito,
• Taxação progressiva dos bilionários.
Sua agenda é a antítese viva de Donald Trump, o ex-símbolo da ostentação novaiorquina.
Trump, que recentemente declarou não ver mais sentido em investir na cidade, enxerga Nova York como ativo financeiro.
Mamdani, como lar coletivo.
⸻
⚖️ O embate civilizatório
“De um lado, o capital que foge quando o lucro diminui; do outro, a política que insiste em permanecer quando a vida fica insustentável.”
A disputa vai além da ideologia — é uma batalha de valores.
Enquanto o ex-presidente personifica a cidade-marca, Mamdani representa a cidade-vida.
A pergunta que paira sobre o horizonte nova-iorquino é simples e brutal:
Quem tem direito de pertencer à cidade?
⸻
🌍 O teste global
Se Mamdani provar que dignidade e prosperidade podem coexistir, Nova York poderá inaugurar um novo paradigma urbano —
onde o progresso se mede em equidade e não em margens de lucro.
Se falhar, os defensores do status quo dirão: “as utopias não pagam contas.”
Mas talvez a verdadeira aposta não seja econômica — e sim moral.
Ao trocar o brilho das torres pelo peso das ruas, Mamdani recoloca Nova York — e o mundo — diante de um dilema antigo:
a cidade como mercadoria ou como reflexo de humanidade.
⸻
Inglês:
Whose City Is New York?
Between evictions and skyscrapers, Zohran Mamdani’s victory redefines what a city means — and challenges global capital.
By Valéria Monteiro
⸻
Zohran Mamdani, 34, born in Kampala and raised in Queens, the son of scholar Mahmood Mamdani and filmmaker Mira Nair, has just been elected mayor of New York City — the first Muslim and first South Asian to ever lead the world’s financial capital.
His story doesn’t begin in boardrooms but in eviction courts.
Before entering politics, he worked as a housing counselor, helping low-income families fight to keep a roof over their heads. Now, he governs the same city where rent has become another word for despair.
⸻
🏙️ The Turn
Mamdani defeated Andrew Cuomo and Curtis Sliwa with a platform that sounds almost subversive in a market-driven nation:
• Freezing rents,
• Making public transport free,
• Taxing billionaires to fund public services.
His vision stands in direct opposition to Donald Trump’s:
where Trump sees profit, Mamdani sees people.
⸻
⚖️ The Clash
“On one side, capital that flees when profit fades; on the other, politics that persists when life becomes unbearable.”
The question hanging over New York is both local and universal:
Who has the right to belong?
If Mamdani’s experiment works, New York could once again become a global laboratory — not for speculation, but for justice.
If it fails, the establishment will be quick to declare: utopias don’t pay bills.
But perhaps the true measure of this moment is not economic, but human.
By replacing the shine of towers with the weight of streets, Mamdani forces us to face an ancient dilemma:
the city as a commodity, or as a mirror of our humanity.

Valéria Monteiro.
Jornalista, fundadora do site valeriamonteiro.com.br
e ex-âncora da TV Globo e Bloomberg.
5 de nov. de 2025

Leia também
A guerra que ganhou aplauso: o que o apoio às operações no Rio revela sobre o Brasil.
Mesmo entre moradores das favelas, a operação policial mais letal da história do Rio recebeu apoio maciço. O que esse dado revela sobre medo, poder e abandono?

O Brasil gera muito, recicla pouco e ainda importa lixo.
Quem vai assumir a conta do que jogamos fora?
bottom of page
