A Terceira Edição do Deep Tech Summit na USP:
Inovação científica em foco.
Estive nesta semana no Deep Tech Summit, realizado no complexo Inova USP, e saí de lá com a sensação de que o Brasil tem muito mais ciência aplicada em forma de startups do que a gente imagina. A terceira edição do evento consolidou o encontro como o maior festival de inovação deep tech da América Latina e mostrou que, quando ciência e empreendedorismo se encontram, surgem soluções capazes de transformar realidades.
O Summit nasceu da iniciativa da Emerge Brasil e tem como objetivo aproximar ciência, engenharia e negócios. Na prática, é um ponto de convergência: de um lado, pesquisadores que dedicam anos a desenvolver novas tecnologias; de outro, investidores e empresas dispostos a apostar em inovação de base científica.
O encontro cresceu não apenas em escala, mas também em maturidade. Percorrendo os estandes, vi soluções que iam de diagnósticos médicos a materiais sustentáveis, passando por nanotecnologia, agricultura de precisão e inteligência artificial.
Como resumiu Hulda Giesbrecht, do Sebrae, durante a cerimônia de premiação:
“As deep techs têm um papel central para impulsionar setores como saúde, agronegócio e sustentabilidade. O Sebrae está comprometido em apoiar esse movimento.”
Premiações
O momento mais esperado foi a entrega do Prêmio Deep Tech do Ano.
• A grande vencedora foi a Cor.Sync, de São Paulo, que desenvolveu um dispositivo capaz de reduzir para apenas oito minutos o tempo de diagnóstico de um infarto em pronto-socorro. O fundador da startup, Raul de Macedo Queixada, explicou:
“Em laboratório este teste leva de uma a cinco horas para ser concluído. Nós fazemos em oito minutos com a mesma precisão.”
• O segundo lugar ficou com a TissueLabs, que trabalha com tecidos humanos 3D para pesquisa e aplicações clínicas futuras.
• Em terceiro, a BVS Green, que transforma resíduos da indústria da laranja em espumas sustentáveis para colchões e travesseiros.
Também me impressionaram as soluções da Nanoterra, que explora a biodiversidade brasileira para desenvolver nanotecnologia, e da ByMyCell, focada em genômica aplicada à agricultura.
Tendências que marcaram
Entre os painéis e conversas, alguns temas apareceram com força:
• Saúde e biotecnologia → do diagnóstico rápido à bioimpressão de tecidos.
• Agritech → genômica e bioinsumos para aumentar produtividade com menos impacto ambiental.
• Economia circular → transformar resíduos em novos materiais.
• Nanotecnologia → ativos de biodiversidade aplicados à indústria.
• IA e automação → acelerando descobertas e viabilizando negócios.
• Energia limpa → soluções para mitigação climática.
Cada corredor parecia abrir uma janela para um futuro em que a ciência brasileira pode se tornar protagonista global.
Saí do Summit com a certeza de que a inovação científica no Brasil está pulsando, mesmo diante de tantos desafios. O que falta é criar condições para que essas ideias não morram no laboratório ou fiquem restritas a protótipos.
O Deep Tech Summit mostrou que já temos as soluções — agora precisamos conectar melhor ciência, mercado e políticas públicas para que esse ecossistema floresça.
✨ E, se depender da energia que vi nesses dois dias na USP, o futuro das deep techs brasileiras está só começando.
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Inglês:
The Third Edition of the Deep Tech Summit at USP: Scientific Innovation in Focus
This week I attended the Deep Tech Summit, held at the Inova USP complex in São Paulo, and I left with a clear impression: Brazil has far more applied science in the form of startups than most people realize. The third edition of the event consolidated itself as the largest deep tech festival in Latin America and proved that when science and entrepreneurship meet, solutions capable of transforming realities emerge.
What I Experienced at the Summit
The Summit was created by Emerge Brasil with the goal of bringing science, engineering, and business closer together. In practice, it is a point of convergence: on one side, researchers who dedicate years to developing new technologies; on the other, investors and companies willing to bet on science-based innovation.
This edition showed not only growth in scale, but also in maturity. Walking through the stands, I saw solutions ranging from medical diagnostics to sustainable materials, including nanotechnology, precision agriculture, and artificial intelligence.
As Hulda Giesbrecht, from Sebrae, put it during the award ceremony:
“Deep techs have a central role in driving sectors such as healthcare, agribusiness, and sustainability. Sebrae is committed to supporting this movement.”
Awards that Stood Out
The highlight of the event was the Deep Tech of the Year Award:
• 🥇 The grand winner was Cor.Sync, from São Paulo, which developed a device capable of reducing heart attack diagnosis time in emergency rooms to just eight minutes. As founder Raul de Macedo Queixada explained:
“In the lab, this test takes between one and five hours to be completed. We do it in eight minutes with the same accuracy.”
• 🥈 TissueLabs took second place with its work on 3D human tissues for research and future clinical applications.
• 🥉 BVS Green came in third, transforming orange industry residues into sustainable foams for mattresses and pillows.
I was also impressed by Nanoterra, which explores Brazilian biodiversity to develop nanotechnology, and ByMyCell, focused on genomic solutions applied to agriculture.
Key Trends
Across panels and conversations, several themes stood out strongly:
• Health & Biotechnology → from rapid diagnostics to tissue bio-printing.
• Agritech → genomics and bio-inputs to boost productivity with lower environmental impact.
• Circular Economy → transforming industrial waste into new materials.
• Nanotechnology → biodiversity-based assets applied to industry.
• AI & Automation → accelerating discoveries and enabling business models.
• Clean Energy → technologies for climate mitigation.
Every corridor felt like a window into a future where Brazilian science could become a global leader.
I left the Summit convinced that scientific innovation in Brazil is thriving, even amid many challenges. What is still missing are the conditions to ensure that these ideas don’t die in the lab or remain confined to prototypes.
The Deep Tech Summit showed that we already have the solutions — now we need stronger connections between science, the market, and public policies so that this ecosystem can truly flourish.
✨ And if the energy I witnessed during those two days at USP is any indication, the future of Brazilian deep techs is only just beginning.

