Fake it till you make it — e depois?
- Valéria Monteiro

- 21 de jun.
- 2 min de leitura
“A maioria das pessoas é outra pessoa. Seus pensamentos são opiniões de alguém, suas vidas, uma imitação, suas paixões, uma citação.”
— Oscar Wilde
“Fake it till you make it.” A fórmula mágica da autoconfiança performática. A senha não oficial do empreendedorismo motivacional, da meritocracia encenada, dos perfis que se vendem antes de se formar. Finja até conseguir. Interprete até convencer. Sorria mesmo sem saber, poste mesmo sem viver, emita sinais de sucesso até que o sucesso verdadeiro, com sorte ou exaustão, venha.
Mas poucos se perguntam: e depois?
Poucos se dão conta de que, ao “chegar lá”, a fantasia não se dissolve. Ao contrário, ela se fortalece. Porque agora há algo a perder. O personagem criou raízes, ganhou seguidores, virou marca. O papel que antes era provisório, quase uma brincadeira, começa a exigir continuidade. E como toda mentira bem contada, precisa de manutenção, investimento, reaplicação diária. Viver em personagem pode até te levar adiante. Mas te envelhece por dentro.

É aí que mora o perigo: fingir até fazer pode funcionar, sim — mas se não houver crescimento real, interno, ético, humano, o teatro vira prisão. Não adianta habitar o palco se você não expande a alma para preencher o papel. O vazio não desaparece com curtidas, nem com metas batidas. Só quem amadurece de verdade sustenta o que conquistou sem medo de cair.
Mentiras têm prazo. Personagens, não raro, também. E há quem descubra tarde demais que se perdeu no caminho, confundindo performance com identidade. Crescer não é parecer capaz — é ser capaz. E isso exige silêncio, humildade e tempo.
Não há problema algum em começar fingindo — a insegurança faz parte do início de qualquer jornada. Mas seria trágico terminar ainda fingindo. O “make it” precisa ser mais do que o sucesso. Precisa ser o encontro. Com aquilo que você verdadeiramente é, depois que todas as máscaras já não servem mais.
Fake it till you make it — e depois?
Por Valéria Monteiro.
Jornalista, fundadora do site valeriamonteiro.com.br
e ex-âncora da TV Globo e Bloomberg.



As Redes Sociais principalmente são feitas por felicidades que não existem. E principalmente artistas fazem isso por dinheiro, como a Virgínia. Só que a máscara dela cai quando os fãs querem tirar foto com ela, e ela se nega. É horrível. São pessoas realmente vazias. E sustentar a mentira por anos é para poucos
Caminhos desafiadores...👍