A Política e Seus Desafios: Reflexões de Uma Jornada Entre Sete Partidos.
- Valéria Monteiro

- 25 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de fev.

Desde 2018, passei por sete partidos diferentes, em busca de um espaço político que refletisse meus valores e crenças. Ao longo dessa caminhada, percebi que a origem de muitos dos problemas da política brasileira está menos nas pessoas e mais no funcionamento dos partidos em si. O ambiente viciado, onde o fisiologismo impera, é o que alimenta a descrença progressiva na política, afastando os eleitores e tornando o engajamento cada vez mais difícil. É uma dinâmica que precisa de uma reforma urgente.
Recentemente, ao assumir a presidência do Partido Verde em Campinas, fui surpreendida pela solidariedade de militantes de outros partidos da federação — partidos de esquerda, que têm uma imagem amplamente demonizada nos círculos sociais em que estou inserida. Vivo em um ambiente predominantemente de centro e direita, onde a esquerda é vista com desconfiança, senão com aversão. No entanto, foram esses militantes, com sua disposição e genuína vontade de ajudar, que me ofereceram apoio em um momento crucial.
Essa experiência desfez muitos preconceitos que eu mesma carregava, alimentados pelas percepções distorcidas de meu entorno. Sempre soube que em todo partido existem pessoas boas e ruins, mas a solidariedade que encontrei desafiou as narrativas simplistas sobre o espectro político. Cada partido tem suas complexidades internas, e essa experiência me mostrou que, quando deixamos de lado essas divisões artificiais, podemos encontrar pessoas incríveis e comprometidas com o bem comum.
O problema, contudo, não reside nas pessoas em si, mas no ambiente político como um todo. O funcionamento viciado dos partidos é o que perpetua uma política fisiológica e desengajada, criando barreiras tanto para os militantes quanto para os eleitores. Esse sistema é uma das causas da crescente descrença popular na política e do consequente desinteresse em participar de processos que, em teoria, deveriam ser os pilares da democracia.

Precisamos de uma reforma que não seja apenas estrutural, mas também cultural. Precisamos mudar a maneira como os partidos operam, como se relacionam com seus militantes e como se conectam com os eleitores. A política, quando vivida em seu potencial mais puro, é uma força transformadora. Ela não se resume a cargos e poder; trata-se de criar laços, fortalecer comunidades e abrir espaço para diálogos construtivos.
Minha jornada política, embora cheia de desafios, tem sido também uma oportunidade de crescimento. O engajamento político não é fácil, especialmente em um cenário onde o sistema parece trabalhar contra a própria essência da democracia. Mas é justamente nesse ambiente desafiador que a política revela suas oportunidades mais valiosas. Não são oportunidades de poder ou lucro, mas de relações humanas, diálogos profundos e aprendizado constante.
A experiência me ensinou que, para nos engajarmos verdadeiramente na política, precisamos estar abertos ao novo, dispostos a desconstruir preconceitos e a repensar nossa relação com o poder e o controle. Somente assim poderemos reconstruir a confiança entre eleitores e representantes, e restaurar a vitalidade da democracia que, hoje, está enfraquecida pelo desinteresse e descrédito.
Meu convite é para que todos reflitam sobre sua relação com a política, entendendo que ela está presente em cada aspecto de nossas vidas. Mais do que votar ou se filiar a um partido, é essencial nos engajarmos de forma consciente, buscando sempre o bem comum e reconhecendo que há muito a ser aprendido, até mesmo nos ambientes mais inesperados.
A Política e Seus Desafios:
Valéria Monteiro.



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