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Bolsonaro: o perfil de um ditador.

Mais do que seus atos de governo, é a personalidade autoritária de Jair Bolsonaro que revela o risco que ele representa para a democracia. Seu perfil é, por si só, o ensaio permanente de um golpe.



📌 Um militar fora da curva


A carreira de Bolsonaro começou no Exército, mas terminou de forma nada honrosa. Foi afastado após acusações de indisciplina e planos de colocar bombas em quartéis para pressionar por aumento salarial — episódio registrado pela imprensa e confirmado pelo Superior Tribunal Militar.


Ao contrário de oficiais que buscavam ascender pela hierarquia, Bolsonaro se destacou pelo gesto de insubordinação. Desde cedo, demonstrava que seu lugar não era o respeito às normas, mas a quebra delas.



👨‍👦 O peso da família e dos mitos


Em discurso oficial em Miami, em março de 2020, Bolsonaro revelou:


“Meu pai queria que eu continuasse no Exército, porque achava que se eu fosse general seria presidente da República um dia.”


Esse detalhe biográfico não é menor. Ele mostra que a ideia de chegar à Presidência já estava presente como expectativa familiar, associada ao modelo dos generais que governaram o Brasil durante a ditadura militar. Não se tratava de um destino pela política civil, mas de uma ambição moldada no imaginário da farda e do autoritarismo.


Bolsonaro, ao entrar na política “contra a vontade do pai”, carregou consigo essa marca simbólica: a convicção de que o poder se conquista pela imposição, e não pela mediação democrática.



🌍 O espelho em outros autoritários


Sua admiração por Hugo Chávez, por exemplo, expõe a contradição de quem se dizia antiesquerda, mas reverenciava no venezuelano aquilo que mais o atraía: a centralidade absoluta do líder, acima de partidos, instituições e regras.


Nesse sentido, Bolsonaro ecoa outros perfis autoritários da história:

• Mussolini, que teatralizou a força antes de consolidá-la no poder.

• Fujimori, que usou a eleição como trampolim para fechar o Congresso.

• Chávez, que transformou sua persona militar em mito de salvação nacional.


Como eles, Bolsonaro não precisou esconder sua índole autoritária: ela era parte de seu apelo popular.



🔥 A personalidade como projeto político


Nos eleitores, costuma pesar o que foi feito ou deixado de fazer. Mas no caso de Bolsonaro, é a própria pessoa que ele é — dentro e fora da política — que deveria ser avaliada.

• O desprezo pela regra já estava presente em sua saída do Exército.

• O narcisismo familiar aparece na crença de que sua missão era pessoal, quase hereditária.

• A retórica da violência se repete desde a juventude: “guerra civil”, “matar uns 30 mil”, “teremos sangue”.


Sua personalidade, tanto quanto seus atos, compõe o perfil de um ditador.



⚖️ Do perfil ao golpe


Quando chegou ao poder, Bolsonaro apenas deu corpo ao que já estava em sua biografia. Militarizou o governo, atacou a imprensa, desacreditou as eleições, insuflou o 8 de Janeiro.


O golpe não foi improviso. Foi a consequência natural de uma trajetória e de uma personalidade moldada para minar a democracia.



✒️ Conclusão


Bolsonaro encarna um paradoxo perigoso: foi eleito pela democracia para negá-la. Seus atos importam, mas sua personalidade talvez pese ainda mais.


Porque ditadores não se definem apenas pelo que fizeram, mas pelo que estavam dispostos a fazer. E Bolsonaro, desde a caserna até o Planalto, mostrou-se sempre disposto a levar o Brasil ao limite.


Ignorar o perfil ditatorial de Bolsonaro é subestimar o risco.

E permitir que sua lógica sobreviva, mesmo sem ele no poder, é abrir espaço para que a história se repita.


Veja mais em:


Bolsonaro: o perfil de um ditador por Valéria Monteiro.

👤 Bolsonaro: The Profile of a Dictator


More than his actions in office, it is Jair Bolsonaro’s authoritarian personality that reveals the risk he represents to democracy. His very profile is, in itself, a permanent rehearsal for a coup.



📌 A Soldier Out of Line


Bolsonaro’s career began in the Army but ended without honor. He was forced out after accusations of insubordination and of plotting to plant bombs in barracks to pressure for higher pay — a case reported by the press and confirmed by Brazil’s Superior Military Court.


Unlike officers who sought to rise through hierarchy, Bolsonaro stood out for acts of defiance. From the start, he showed that his place was not in respect for rules, but in breaking them.



👨‍👦 The Weight of Family and Myths


In an official speech in Miami, in March 2020, Bolsonaro revealed:


“My father wanted me to stay in the Army, because he thought that if I became a general I would one day be President of the Republic.”


This biographical detail is no footnote. It shows that the idea of reaching the presidency was already present as a family expectation — modeled after the military presidents who ruled Brazil during the dictatorship. Not through civilian politics, but through an ambition shaped in the imagery of uniforms and authoritarianism.


When Bolsonaro entered politics “against his father’s will,” he carried that symbolic mark with him: the conviction that power is seized through imposition, not democratic mediation.



🌍 Reflections in Other Authoritarians


His admiration for Hugo Chávez, for instance, exposes the contradiction of someone who branded himself anti-left but revered in the Venezuelan leader the very trait he valued most: the absolute centrality of the leader, above parties, institutions, and rules.


In this sense, Bolsonaro echoes the profiles of other authoritarians in history:

• Mussolini, who staged strength before consolidating it in power.

• Fujimori, who used election as a springboard to dissolve Congress.

• Chávez, who transformed his military persona into a myth of national salvation.


Like them, Bolsonaro never needed to hide his authoritarian streak: it was part of his popular appeal.



🔥 Personality as Political Project


Voters usually weigh what leaders have done or failed to do. But in Bolsonaro’s case, it is the man himself — inside and outside politics — who must be judged.

• Disdain for rules was evident in his forced exit from the Army.

• Familial narcissism in the belief that his mission was personal, almost hereditary.

• Violent rhetoric repeated since youth: “civil war,” “kill 30,000,” “there will be blood.”


His personality, as much as his actions, makes up the profile of a dictator.



⚖️ From Profile to Coup


Once in power, Bolsonaro merely gave body to what was already in his biography. He militarized government, attacked the press, discredited elections, and incited January 8.


The coup was no improvisation. It was the natural consequence of a trajectory and a personality designed to undermine democracy.



✒️ Conclusion


Bolsonaro embodies a dangerous paradox: he was elected through democracy in order to deny it. His actions matter, but his personality may weigh even more.


Because dictators are not defined only by what they have done, but by what they are willing to do. And Bolsonaro, from the barracks to the presidency, has always shown himself ready to push Brazil to the brink.


To ignore Bolsonaro’s dictatorial profile is to underestimate the risk.

And to allow his logic to survive, even without him in power, is to leave the door open for history to repeat itself.


See more at:


Bolsonaro: o perfil de um ditador.

Por: Valéria Monteiro.

Jornalista, fundadora do site valeriamonteiro.com.br

e ex-âncora da TV Globo e Bloomberg.

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